O
encontro de cantadores, no passado, foi marcado pelas famosas pelejas, quase
sempre, em desafios para medir o talento dos cantadores.
Era
questão de honra conhecer-se o vencedor da porfia, especialmente, porque o
vencedor era quem recebia o total da bandeja, isto é, a arrecadação total do
encontro.
A
temática não tinha a profundeza de hoje onde os preliantes devem demonstrar
conhecimento vasto, sobretudo, no que diz respeito aos acontecimentos locais,
nacionais e internacionais.
Por
outro lado, o repente atual deve conter no seu bojo informações capazes de
atender as interrogações da platéia presente, nos mais variados setores da
informação.
No
passado, a simples preocupação de agredir o adversário com palavras ou
colocação de defeitos momentâneos, já satisfazia a multidão presente que
vibrava com os desafios de outrora.
Os
mais célebres violeiros que o tempo levou ainda permanecem na memória popular.
Nomes como: Antonio Marinho, Pinto do Monteiro, Inácio da Catingueira, Romano
da Mãe D’Água ilustraram as referências que a memória conservou nas obras que
desafiaram o tempo.
Para
conhecimento de nossos leitores, reproduzimos um trecho entre Antonio Marinho e
Pinto do Monteiro, no sentido de que nossos leitores e estudiosos possam fazer
comparações entre o cordel de ontem e de hoje.
PM - Senhor
Antonio Marinho,
É chegada a ocasião,
Pergunto, quero
saber,
Responda se posso ou
não,
Ir atravessar
cantando,
Pelo seu alto sertão.
AM - Pode,
seu Pinto, pois não!
Tocar, cantar por aí…
É filho da mesma
terra,
Nasceu e criou-se
ali,
Mas cuidado com as
raposas,
Que há muitas, como
aqui.
PM - Aonde
eu chego não há
Prazer que não me
apareça,
Raposa que não se
esconda,
Brabo que não me
obedeça,
Letrado que não me
escute,
Cantor que não
endoideça.
AM - Pinto,
quem canta comigo,
Faz exame e se
confessa,
Eu zangado não
abrando,
Mesmo que um santo me
peça,
Se houver mais pinto
agradeço
Pois este eu pelo
depressa.
PM - A
mim o fogo não queima,
Nem tosta e nem me
sapeca,
Em mim quem botar a
mão
Larga o couro da
munheca,
Incha os dedos, cai
as unhas,
Murcham os nervos, o
braço seca.
AM – Para
o meu Lara sertanejo
Cantor que vem se
arrepende,
Encontra os becos
tomados,
Pra toda banda que
pende,
E, ai do pinto que eu
pegá-lo,
Só Deus como Pai
defende.
PM – Marinho,
onde eu passo, deixo
Qualquer uma estrada
aberta,
Cantor tendo essa
notícia,
Com medo de mim se
aperta,
Deixa a casa, entra
no mato
E a meia noite
deserta.
AM – Monteiro,
trata, boi velho,
Mais São Tomé e,
enfim,,
E São José do Egito
E o que mais pertence
a mim,
Um galo até não se
arruma,
Quanto mais um pinto
assim.
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