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Teresina, Piauí, Brazil
Associação dos Violeiros e Poetas Populares do Piauí - Casa do Cantador. Fundada em 15 de outubro 1977. Espaço de relevância cultural no Piauí que funciona como Centro de Pesquisa e de apoio a violeiros e poetas populares de vários lugares do Brasil. Localizada na Rua Lúcia, 1419, Bairro Vermelha, Teresina - Piauí - Telefone: (86) 3211-6833 E-mail: casadocantadordopiaui@hotmail.com

quinta-feira, abril 26

JOÃO FURIBA ou JOÃO MENTIRA por Pedro Ribeiro

João Furiba é um dos maiores repentistas que o Brasil e, em particular o Nordeste aplaude. Pernambucano, da gema, começou a cantar em 1944, no despertar da juventude.
No início de sua carreira já assombrava pelo talento e coragem de enfrentar os mais afamados vates da época.
Furiba cantou com Pinto do Monteiro, Sebastião da Silva, Moacir Laurentino e tantos outros da grande constelação de violeiros.
Vate pernambucano que já está em fim de carreira pelo peso dos anos e, sobretudo, um vate vontadôso que enfrenta todas as dificuldades e não se deixa abater pela velhice.
Seu estilo ficou famoso pela maneira do autoelogio onde se apresenta como muito rico e conquistador.
Nas oportunidades em que se apresentou no Teatro de Arena, conquistou os maiores aplausos quando improvisava estrofes se dizendo mais rico que o compadre João Claudino a quem emprestava somas fabulosas.
Esse estilo de cantoria lhe coroou com a pecha de João Mentira hoje conhecido em todo o Brasil. À verdade, porém, é que João Furiba foi e continua sendo um excelente improvisador.
Certa vez, cantando com Manuel Laurindo que terminou uma estrofe afirmando sua admiração pelo “o tigre da mão chata”. Furiba sapecou essa imortal sextilha, peça obrigatória no arquivo das obras geniais.

“Eu admiro é a barata
Saber voar e correr,
Chega na lata de açúcar
Bate um baião pra comer,
O que come é muito pouco,
Mas bota o resto a perder.”

Furiba duelava com o famoso e imbatível Lourival Batista que aproveitou da ocasião para criticá-lo em virtude de se fazer acompanhar da esposa e terminou uma estrofe: “Não gosto de homem que anda / Com a mulher por toda rua.”.

Furiba mostra sua genialidade, improvisando essa obra de arte:

“Pra não fazer como a tua
Que fica em casa sozinha,
Entra homem pela sala,
Sai homem pela cozinha,
Eu como sou desconfiado
Pra onde vou, levo a minha.”.

Numa peleja com Pinto do Monteiro, Furiba, deixando de lado a mentira, falou que havia casado mesmo. Pinto não perdeu tempo e improvisou:

“Sei que sua esposa é
Honesta, educada e forte,
Talvez seja a mais bonita
Da Paraíba do Norte,
Eita Furiba feliz,
Ô moça pra não ter sorte!”.

Ivanildo Vila Nova considerado o melhor repentista do Brasil cantava com João Furiba e quis esnobar supremacia terminando uma estrofe: “Já estou ficando velho / De dar em cantor ruim.”.
Ivanildo é filho de José Faustino Vila Nova e nunca imaginou que chamar João Furiba de cantor ruim estaria despertando um gigante perigoso. Furiba retrucou:
“Teu pai também era assim
E se dizia professor,
Tudo que lia decorava,
Usava anel de doutor,
Cantou trinta e cinco anos,
Morreu sem ser cantador.”.

Como surgiu a fama de João Mentira? Moacir Laurentino cantou diversas vezes com João Furiba. Nos festivais de Teresina Moacir fazia a plateia delirar com as interrogações de Laurentino e as respostas de João Mentira. Moacir interroga: “Me responda como vai / Na criação de caprinos.”.

Furiba sapecou a resposta:

“Tenho quinhentos meninos
Morando em minha choupana,
Tratando da criação
Com capim de gitirana,
Tem cabra que está parindo
Duas vezes por semana.”.

Furiba continua sendo um improvisador genial. Certa vez Antonio Barbosa o provocou com uma sextilha que termina: “Da região do Sumé / Seu pai foi o maior corno.”.

Furiba cuja mãe já havia falecido não perdeu a calma e revidou:

“Por causa de um café morno
Mamãe terminou morrendo,
Se pai foi corno não é,
Você continua sendo,
Se meu pai foi não sabia,
Você é corno sabendo.”.

quinta-feira, abril 19

JOÃO FURIBA ou JOÃO MENTIRA por Pedro Ribeiro

João Furiba é um dos maiores repentistas que o Brasil e, em particular o Nordeste aplaude. Pernambucano, da gema, começou a cantar em 1944, no despertar da juventude.
No início de sua carreira já assombrava pelo talento e coragem de enfrentar os mais afamados vates da época.
Furiba cantou com Pinto do Monteiro, Sebastião da Silva, Moacir Laurentino e tantos outros da grande constelação de violeiros.
Vate pernambucano que já está em fim de carreira pelo peso dos anos e, sobretudo, um vate vontadôso que enfrenta todas as dificuldades e não se deixa abater pela velhice.
Seu estilo ficou famoso pela maneira do autoelogio onde se apresenta como muito rico e conquistador.
Nas oportunidades em que se apresentou no Teatro de Arena, conquistou os maiores aplausos quando improvisava estrofes se dizendo mais rico que o compadre João Claudino a quem emprestava somas fabulosas.
Esse estilo de cantoria lhe coroou com a pecha de João Mentira hoje conhecido em todo o Brasil. À verdade, porém, é que João Furiba foi e continua sendo um excelente improvisador.
Certa vez, cantando com Manuel Laurindo que terminou uma estrofe afirmando sua admiração pelo “o tigre da mão chata”. Furiba sapecou essa imortal sextilha, peça obrigatória no arquivo das obras geniais.

“Eu admiro é a barata
Saber voar e correr,
Chega na lata de açúcar
Bate um baião pra comer,
O que come é muito pouco,
Mas bota o resto a perder.”

Furiba duelava com o famoso e imbatível Lourival Batista que aproveitou da ocasião para criticá-lo em virtude de se fazer acompanhar da esposa e terminou uma estrofe: “Não gosto de homem que anda / Com a mulher por toda rua.”.

Furiba mostra sua genialidade, improvisando essa obra de arte:

“Pra não fazer como a tua
Que fica em casa sozinha,
Entra homem pela sala,
Sai homem pela cozinha,
Eu como sou desconfiado
Pra onde vou, levo a minha.”.

Numa peleja com Pinto do Monteiro, Furiba, deixando de lado a mentira, falou que havia casado mesmo. Pinto não perdeu tempo e improvisou:

“Sei que sua esposa é
Honesta, educada e forte,
Talvez seja a mais bonita
Da Paraíba do Norte,
Eita Furiba feliz,
Ô moça pra não ter sorte!”.

Ivanildo Vila Nova considerado o melhor repentista do Brasil cantava com João Furiba e quis esnobar supremacia terminando uma estrofe: “Já estou ficando velho / De dar em cantor ruim.”.
Ivanildo é filho de José Faustino Vila Nova e nunca imaginou que chamar João Furiba de cantor ruim estaria despertando um gigante perigoso. Furiba retrucou:
“Teu pai também era assim
E se dizia professor,
Tudo que lia decorava,
Usava anel de doutor,
Cantou trinta e cinco anos,
Morreu sem ser cantador.”.

Como surgiu a fama de João Mentira? Moacir Laurentino cantou diversas vezes com João Furiba. Nos festivais de Teresina Moacir fazia a plateia delirar com as interrogações de Laurentino e as respostas de João Mentira. Moacir interroga: “Me responda como vai / Na criação de caprinos.”.

Furiba sapecou a resposta:

“Tenho quinhentos meninos
Morando em minha choupana,
Tratando da criação
Com capim de gitirana,
Tem cabra que está parindo
Duas vezes por semana.”.

Furiba continua sendo um improvisador genial. Certa vez Antonio Barbosa o provocou com uma sextilha que termina: “Da região do Sumé / Seu pai foi o maior corno.”.

Furiba cuja mãe já havia falecido não perdeu a calma e revidou:

“Por causa de um café morno
Mamãe terminou morrendo,
Se pai foi corno não é,
Você continua sendo,
Se meu pai foi não sabia,
Você é corno sabendo.”.

segunda-feira, abril 16

OS GÊNIOS NÃO MORREM por Pedro Ribeiro

Os arquivos do repente brasileiro guardam verdadeiras preciosidades que o tempo não apaga nem a memória esquece.
Temos mostrado a evolução do repente em face do natural avanço da tecnologia capaz de influenciar a Filosofia  e a Literatura.
Dos fenômenos que promoveram uma verdadeira transformação na natureza interna do repente, em forma e conteúdo, a urbanização da cantoria foi quem produziu as maiores modificações.
Seja como for, é importante observar que, apesar da linguagem mais apurada e correta, os velhos improvisadores do passado não podem, nem devem, ser esquecidos pelo talento de suas estrofes, cuja essência, oferece-nos verdadeiras obras de arte.
As glosas sempre foram da preferência dos violeiros. Formam uma parelha que, atualmente, é colocada ao final da décima, constituindo-se no 9º e 10º versos.
No passado não havia essa sistemática; os versos da glosa podiam ser intercalados no corpo da instância, desde que o último verso completasse a estrofe.
Vejamos alguns exemplos do imortal repentista Luis Dantas Quesado:

“Onde está Luis Dantas
Só se fazendo um de barro”.

Tomara achar quem garanta
A vinda da Monarquia,
E possa haver alegria
Onde não está Luis Dantas…
Ele diz que: quando canta,
Sente na goela um pigarro;
Deixou de fumar cigarro
Porque vivia doente…
Pra não perder-se a semente,
Só se fazendo um de barro.

É oportuno mostrar como a linguagem dos violeiros mudou com a urbanização da cantoria. A linguagem e os assuntos usados por um Ivanildo Vila Nova, Sebastião Dias e um Moacir Laurentino estão bastante diferenciados dos vates do passado.
Todavia, não podemos esquecer nem menosprezar o talento e a genialidade de Luis Dantas Quesado.
Vejam nas estrofes seguintes como Luis Dantas, com linguagem simples e vocabulário do sertão improvisa a glosa:

“Nem todo pau dá esteio”


Nem todo pássaro voa,
Nem todo inseto é besouro,
Nem todo judeu é mouro,
Nem todo pau dá canoa;
Nem toda notícia é boa,
Nem tudo que vejo eu creio,
Nem todos zelam o alheio,
Nem toda medida é reta,
Nem todo homem é poeta,
Nem todo pau dá esteio.

Nem toda água é corrente,
Nem todo adoçado é mel,
Nem tudo que amarga é fel,
Nem todo dia é sol quente;
Nem todo cabra é valente,
Nem toda roda tem veio,
Nem todo matuto é feio,
Nem todo mato é floresta,
Nem todo bonito presta,
Nem todo pau dá esteio.

Nem todo pau dá resina,
Nem toda quentura é fogo,
Nem todo brinquedo é jogo,
Nem toda vaca é leiteira;
Nem toda moça é faceira,
Nem todo golpe é em cheio,
Nem todos os livros eu leio,
Nem todo trilho é estrada,
Nem toda gente me agrada
Nem todo pau dá esteio.

Nem todo estronde é trovão,
Nem todo vivente fala,
Nem tudo que fura é bala,
Nem todo rico é barão;
Nem todo azedo é limão,
Nem todos pagam “bloqueio”,
Nem todas às noites ceio,
Nem todo vinho é de uva,
Nem toda nuvem traz chuva,
Nem todo pau dá esteio.

Nem todo preto é carvão,
Nem todo azul é anil,
Nem toda terra é Brasil,
Nem toda gente é cristão;
Nem todo índio é pagão,
Nem toda agência é correio,
Nem toda “viaje” é passeio,
Nem todos prezam bom nome,
Nem toda fruta se come,
Nem todo pau dá esteio.

Nem todo lente é sabido,
Nem tudo que é branco é leite,
Nem todo óleo é azeite,
Nem todo rogo é ouvido;
Nem todo pleito é vencido,
Nem todos vão ao sorteio,
Nem todo sítio é recreio,
Nem toda massa é de trigo,
Nem todo amigo é amigo,
Nem todo pau dá esteio.

quarta-feira, abril 4

O PODER DAS DROGAS por Pedro Ribeiro

Em nossa coluna anterior, publicamos parte do folheto de Joames & Messias Freitas, “As 10 (dez) Piores Drogas do Mundo”, abordando o perigo que a droga oferece à família e à Nação.
A matéria é altamente significativa em face dos problemas que a droga oferece à sociedade, exigindo um processo continuo de conscientização da família e, especialmente da juventude, segmento mais vulnerável ao vício.
Destarte, porque julgamos a matéria de grande finalidade e, do maior interesse do país, estamos divulgando o restante do folheto que já está sendo impresso para melhor uso da comunidade.
Informamos que o referido folheto como outros que tratam do assunto estarão à disposição do público na Casa do Cantador – rua Lúcia, 1419, bairro Vermelha.

 As benzodiazepinas
Em sétimo lugar estão,
Por terem tranquilizantes
Na sua composição,
Nos casos de ansiedade
São de larga prescrição.

Mesmo utilizadas na
Psicofarmacologia,
Elas causam dependência,
Manifestando agonia
Física e psicológica
Ao longo da terapia.

Da Anfetamina, a oitava,
Devemos nos precaver,
Pois suprime o apetite,
O que faz emagrecer
E por anorexia
Quem usa pode morrer.

A nona droga é o tabaco,
Riquíssimo em nicotina
Que induz à dependência,
Ao usuário domina;
Por ser droga liberada
Mata mais que a cocaína.

O tabaco é uma planta
Da América do Sul, porém
Espalhou-se pelo mundo
Que em todo lugar tem,
E diversas substâncias
Cancerígenas contêm.

Em décimo lugar citamos
A droga buprenorfina,
Substância venenosa
Derivada da heroína,
Como remédio tem sido
Usada na medicina.

A buprenorfina pode
Combater a dependência
Da heroína e do ópio,
Ministrada com frequência
Reduzindo a ansiedade
Nos casos de abstinência.

As drogas mais poderosas
Estão nesta relação;
Algumas delas são lícitas,
Enquanto outras não são,
Mas todas elas usadas
De formas exageradas
Provocam destruição.