Defendemos que a cultura e os gênios que a
construíram devem ser do conhecimento de todos ou pelo menos daqueles que
estão, como eu, ligados a essa arte combatida por uns e admirada por outros. O Repente e a Literatura de Cordel possuem
verdadeiras estrelas que ornamentam a constelação dos gênios que a construíram.
Nomes como Domingos Fonseca, Mané Xudu, Dimas
Batista, Antonio Marinho, Serrador, Inácio da Catingueira e tantos outros legaram
a nossa um patrimônio respeitável e que deve ser relembrado para não
desaparecer na poeira do tempo. Dentre os vultos mais renomados na história do
repente, vamos destacar a figura de Pinto do Monteiro respeitado e reverenciado
pelos mais afamados gênios da atualidade.O lendário az do repente nasceu no dia 02 de
novembro de 1896 na fazenda Carnaibinha do município de Monteiro, na Paraíba. O repente veio depois, uma vez que no início de sua
vida foi soldado da polícia pernambucana; auxiliar de enfermagem no Hospital da
Tamarineira, no Recife. Como Domingos Fonseca foi guarda do Serviço Nacional de
Malária. Esteve no Amazonas além de outras atividades.
O que importa é analisa-lo como repentista renomado
e pavor dos cantadores da época. Numa peleja com Lourival Batista o parceiro o
criticou sobre seu retorno do Amazonas:
“Pinto foi ao Amazonas
Pensando que o enriquecia,
Além de voltar doente,
Se esqueceu do que sabia,
Não canta como cantava,
Nem bebe como bebia.”
Gênio como poucos, Pinto Velho retrucou Lourival:
“Essa sua cantoria
Não me deixou satisfeito,
Nunca me faltou lembrança
E muita força no peito,
E a boca de beber
Ainda está do mesmo jeito.”
Antonio Alves cantando com Pinto quis humilhá-lo,terminando uma estrofe:
“Velho cantando com moço
Termina levando pau.”
Pinto com a rapidez de relâmpago retrucou-lhe:
“Mas eu ou como lacrau
Que do lixo se aproxima,
Vivendo da umidade,
Se alimentando do clima,
Esperando que um caipora
Chegue e bote o pé em cima.”
Expedito Sobrinho numa peleja com Pinto o advertiu
dos anos que pesavam sobre ele:
“Pinto tem setenta anos
Talvez não chegue aos oitenta.”
Pinto não brincava em serviço e tirou do arquivo da
inteligência:
“Eu vivo é cento e quarenta,
Achando a vida moderna,
Escorado na bengala,
Coxeando duma perna,
Quem me domina é Jesus,
Corno nenhum me governa”.
Lourival Batista cantava com Pinto no estilo Oito a
Quadrão:
“Cantar comigo é um risco,
Quebro pedra, espalho cisco,
Vem trovão e vem corisco,
Vem corisco e vem trovão,
Desce água em borbotão,
As águas fazendo tromba,
Teu açude agora arromba
Nos oito pés a quadrão”.
Pinto como sempre, respondeu de imediato:
“Meu açude não arromba
Nem sua parede tomba,
Porque dez pés de pitomba
Sustentam seu paredão,
Haja pitomba no chão,
N’água rasa e n’água funda,
Leve pitomba na bunda
Nos oito pés a quadrão.”
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