Tive a felicidade de nascer dia de São
Pedro, 29 de junho do ano de 1931, no povoado Baixão dos Ribeiros do município
de Teresina hoje Monsenhor Gil.
O detalhe importante da questão é que vim
ao mundo ás 18 horas quando meu Pai ascendia a fogueira e os violeiros afinavam
as violas para o grande embate do repente.
Destarte, já nasci ouvinte de repente e,
com as Graças de Deus, me apaixonei por essa cultura popular que, cerca de 40
anos, preenche minha vida.
No local onde residia moravam dois
violeiros: Leocádio e João de Lima que realizavam cantorias todos os sábados,
durante o dia e à noite, no terreiro dos moradores da fazenda.
Tive uma infância feliz, acumulando sonhos
e traçando planos para o futuro, uma vez que sempre projetei deixar o sertão e
cursar os bancos escolares e penetrar nos meandros da arte e da cultura.
Outro capítulo de minha vida me encaminhava
para abraçar a cultura popular muito praticada no Baixão dos Ribeiros como:
Bumba-Meu-Boi e Reisado, em cujas manifestações tive a oportunidade de
integrá-las.
Por volta de 1937, todos os sábados meu Pai
mandava um dos seus homens de confiança ─ Luis Nazário ─ vender frutas e
rapaduras na feira do povoado Natal hoje cidade de Monsenhor Gil.
Luis Nazário pedia a meus pais para me
levar em sua companhia, alegando que eu era um menino esperto e o ajudaria
muito nos negócios.
A viagem era muito divertida e, durante o
trajeto, Luis Nazário canta as grandes pelejas da época, especialmente, a
travada entre Serrador e Carneiro. De tanta repetição consegui decorá-las como
formadoras do meu patrimônio cordelista.
Ainda parece ecoar em meus ouvidos:
Carneiro:
Serrador me diga
com qual intenção
Você veio aqui sem
documento
E quem foi que lhe
deu consentimento
Para entrar sem
minha ordem no sertão
Nesta terra me
conhecem por Sultão
Da cidade de Crato
ao Seridó,
Cajazeiras, Rolim e
Piancó,
Da Cidade de Marcos
à Catingueira,
Em Pombal, Catolé,
Patos e Teixeira,
São lugares que o Carneiro
brinca só.
Serrado:
Carneiro velho
esteja enganado
Que não existe
sultão em nossa terra
E no deserto de
nossa grande serra
Outro cantor para
mim tem escapado
Cantador muito
velho habilitado
Em meus pés tem
pedido a pabulagem
Homem novo,
instruído de coragem,
Tem posto em grande
desespero
Uma vez que eu
dando em dez carneiro
Ainda não digo a
ninguém que fiz vantagem.
Com essa origem humilde e poética eu não poderia me libertar desse mundo cultural que me envolveu. Foi uma decisão da natureza que montou um cenário especial para me acolher no mundo da arte.
Prezado Sr.Pedro Ribeiro.. Há pouco tempo venho tomando gosto pelo trabalho maravilhoso dos repentistas. E Li, na internet, um pouco sobre a historia do senhor e fiquei admirado pelos seus préstimos em prol da cultura ao longo de tantas décadas. Parabéns e que Deus continue abençoamdo seus nobres esforços... Josafá - Marcolândia-PI (inteior do Estado)
ResponderExcluir