Uma preocupação que coloca em risco a sobrevivência da
Literatura de Cordel, especialmente no Piauí, onde o desaparecimento das
gerações envelhecidas supera, em muito, o surgimento de novos talentos, é o
desequilíbrio desse fenômeno.
Quando iniciamos o movimento de apoio aos violeiros o número
dos artistas de viola era bem expressivo, com quase uma centena de
improvisadores, na grande Teresina.
A sequência de morte e o inexpressivo surgimento de novos
talentos confirmam essa verdade inquietadora, pois da década de setenta para a
atualidade já faleceram cerca de trinta e um repentistas com menos de dez
renovações o que, certamente, são dados assombrosos no que concerne a comparação
e, sobretudo, a avaliação para o futuro.
Analisar a causa desse fenômeno não é tarefa fácil, quando
sabemos da influência da televisão, da música sem mensagem e, principalmente,
das drogas que a tudo destroem.
O nosso pressentimento se fundamenta nessa estatística
inquestionável. Todavia, nossa esperança ressurge com o Cordel Nas Escolas,
pois dezenas de jovens de ambos os sexos revelam talento poético surpreendente.
Por outro lado, temos informações que a renovação nos
estados da Paraíba, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte é confortante, com
o aparecimento de verdadeiros ases do repente.
Seja como for, esperamos que a Literatura de Cordel que
sequenciou a Literatura Oral que vem, desde o despertar das civilizações,
permaneça viva como um instrumento cultural capaz de conquistar maior
abrangência no campo da comunicação, uma vez que é a única capaz de ser
compreendida pelos mais sábios e até os analfabetos.
O empolgante a quantos assistiram ao XXXIX Festival de
Violeiros do Norte e Nordeste é a presença de um garoto com apenas cinco anos
de idade e já fazendo improviso. Na foto com Pedro Ribeiro tive a oportunidade
de testá-lo, convencendo-me de que será um bom violeiro no futuro.
Apesar de todas essas razões negativas ainda
temos forças para continuarmos lutando pela preservação do repente e da
Literatura de Cordel cuja importância na cultura brasileira e internacional é
irrefutável.
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