A história dos festivais teve
início em 1970 quando o cordel agonizava no Nordeste depois de desaparecer no
resto do planeta. A cultura que nascera no despertar da civilização e exercera
o papel da mídia da época, iniciara o período de jornalismo que estava
morrendo.
Por ocasião da realização do
Censo Geral do País, fui designado para recensear uma senhora chamada Maria
Pangula. Ao preencher o quesito profissão, a entrevistada informara que não
tinha mais atividade profissional como violeira e, nem viola tinha,em face das
cantorias haverem desaparecido.
Sem conseguir explicar minha
atividade declarei que, tão logo, o censo fosse encerrado, iria visitar o
Nordeste e tentar resgatar a arte do repente que tanta influência tinha
exercido em minha infância quando residia no povoado Baixão dos Ribeiros.
Com uma vontade que não
conseguia explicar viajei pelo Nordeste para tomar conhecimento da verdadeira
realidade. Foi frustrante tudo que testemunhei nessa viagem, com o cordel e o
repente, praticamente desaparecidos.
Em 1971, com apoio do
professor Cordão, do advogado Deusdedit Ribeiro, dona Teresinha Nunes,
iniciamos o projeto de criação do I
Festival de Violeiros do Norte e Nordeste realizado na Praça da Bandeira,
por ocasião da Feira dos Municípios que ocorria no mesmo local.
O evento chamou a atenção dos
presentes e teve a felicidade de incorporar uma figura que, mais tarde, seria a
mola mestra desse movimento, o empresário João Claudino.
Em 1972, com o apoio da
Diocese de Fortaleza, foi efetuado o II Festival que seria continuado, no ano
seguinte, em Teresina.
O movimento ganhava adeptos e
se expandia por todo o Nordeste com a adesão da Paraíba, Pernambuco, Rio Grande
do Norte e Bahia. A vitória estava conquistada com a retomada dos festivais
além da impressão de folhetos e livros especializados no assunto.
Em 1975 uma equipe de
pesquisadores dos Estados Unidos esteve em Teresina, gravando o festival que,
rapidamente, chegou ao resto do mundo.
Nessa mesma data o prefeito
de Teresina Wall Ferraz incorporou o festival às solenidades comemorativas do
aniversário da Cidade Verde e, elaborou a Lei A. Tito Filho cuja função
primordial é apoiar as atividades culturais.
As dificuldades desse projeto
são incontáveis. Nos primeiros festivais, os violeiros eram hospedados em
residências particulares oferecidas por verdadeiros admiradores do repente,
destacando-se: professor Cordão, professor Luis, Dr. Seabra, além de nossa
própria residência.
O cachê dos participantes era
pago com ajuda da Prefeitura de Teresina, por iniciativa do prefeito Wall
Ferraz, e particulares amantes do repente.
De 19 a 21 de agosto, no
Teatro de Arena será realizado o XXXVIII
Festival de Violeiros do Norte e Nordeste – o maior festival do mundo, no
gênero, sob o patrocínio do Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, com
participação da Prefeitura Municipal de Teresina, Armazéns Paraíba, etc.
O encontro que é atípico, uma
vez que é o único a congregar os maiores violeiros do país ao lado dos
iniciantes que têm o ensejo de começarem sua carreira artística.
É oportuno destacar que, entre os maiores nomes da
viola, muitos tiveram o Piauí como a Universidade do Repente.
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