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Teresina, Piauí, Brazil
Associação dos Violeiros e Poetas Populares do Piauí - Casa do Cantador. Fundada em 15 de outubro 1977. Espaço de relevância cultural no Piauí que funciona como Centro de Pesquisa e de apoio a violeiros e poetas populares de vários lugares do Brasil. Localizada na Rua Lúcia, 1419, Bairro Vermelha, Teresina - Piauí - Telefone: (86) 3211-6833 E-mail: casadocantadordopiaui@hotmail.com

quinta-feira, junho 30

Estrofe da Semana:

O casamento de gays 
Ta causando confusão           
É o progresso do tempo         
Fazendo transformação
O que Deus fez é bem feito
Pode até não ser perfeito
Mas devemos respeitar
O casamento de iguais
Deixe todos terem paz
            E com respeito aceitar.
MANÉ XUDU 

Mané Xudu ocupa um lugar de destaque no pedestal da constelação dos maiores repentistas que o Brasil projetou ao longo dos tempos. Verso fácil, talento inigualável, agilidade mental privilegiada, era diferente dos colegas, na montagem das estrofes.
Xudu fazia uma obra de arte, incomparável, utilizando imagens da maior simplicidade, para formar uma estância de conteúdo extraordinário, falando sobre o sofrimento do sertanejo na batalha da sobrevivência, quando a seca caia, impiedosamente, sobre o Nordeste, escreveu:
Nessa vida atribulada
O camponês se flagela
Chega em casa meia noite
Tira a tampa da panela
Vê o poema da fome
Escrito no fundo dela.

O mistério da transubstanciação da matéria, isto é, a transformação da hóstia no Corpo de Jesus e o Sangue em vinho Xudu improvisou, na cantoria realizada em Teresina, duelando com Juvenal Evangelista e, se reportando sobre o padre Matusalém a estrofe:
Eu admiro muito o padre
Que seu conselho tem luz
Toda sua pregação
Nasce nos braços da cruz
Massa de trigo em mãos dele
Vira corpo de Jesus.

Na mesma cantoria realizada em Teresina, na residência de Zuquinha Félix, numa noite de festa com muita comedoria, Juvenal encerrou uma estrofe, chamando a atenção para os contrastes da vida – enfatizando:
“Tanta comida na mesa
  Tanta criança com fome.”

Xudu no embalo que o caracterizava produziu mais uma obra de arte:

Deus querendo, todos comem
Que um dia Ele pregando
Mais de cinco mil pessoas
Que estavam lhe observando
Com cinco pães e dois peixes
Comeram e ficou sobrando.


por  Pedro Ribeiro

terça-feira, junho 28

Estrofe da Semana

A história dos folguedos
Está na arte, na cultura,
Na beleza, nos brinquedos
Montando nova história
Quadrilhas e violeiros
Nesses momentos festeiros
Presença da tradição
A farta comedoria
Que todo povo aprecia
Para festejar São João.

FOLGUEDOS

A cultura popular desafia o tempo e prossegue em suas manifestações, atraindo milhares de espectadores e permanece ao longo das civilizações, oferecendo oportunidade aos estudiosos do conhecimento do passado para projeção do presente.
É evidente que o desenvolvimento está sempre presente em tudo para oferecer sua contribuição. O próprio folclore reconhece essa eficiência, embora que mínima, sem comprometer a essência de cada manifestação.
A quadrilha, por exemplo, sofreu modificações na forma das apresentações que deixou de ser narrada para oferecer uma maior movimentação. Por outro lado, observamos que a tendência é de transformação em verdadeiras escolas de samba. O luxo substituiu a roupa simples dos chitões de outrora.
Seja como for, o período junino desperta muito interesse e entusiasmo, ainda, em milhares de espectadores, constituindo-se numa das mais atraentes manifestações folclóricas do Nordeste.
A FUNDAC deu ao Piauí o segundo lugar dos folguedos realizados no Brasil. A Poticabana e atualmente o Albertão encantam Teresina com apresentações de diversas modalidades vindas dos vários estados do Nordeste e, até mesmo, de outras regiões.
As apresentações de quadrilhas, reisados, bumba-meu-boi, violeiros, etc. são manifestações que preservam a cultura popular ao longo dos anos, não deixando morrer o passado que nos foi legado por gerações que o tempo levou.
Ao lado da arte e da beleza, a presença das comidas típicas numa gastronomia que se incorporou ao movimento para, também, representar a diferença dessas realizações.
O Piauí que se destacou, com excelentes referências, em todo o Nordeste, tem o dever e a obrigação de não deixar cair o brilho conquistado com muito trabalho e sacrifício.
O espetáculo além de preservar a arte e o talento nas diferentes modalidades, é o reencontro com o passado para manter viva a tradição da cultura popular.
Nenhum povo pode desistir da contribuição que as gerações anteriores nos legaram com o objeto da luta para o aperfeiçoamento, na educação, da sociedade atual.
O lançamento do XXXV Festival de Folguedos foi realizado na última quarta-feira, no antigo Clube dos Diários com a participação das parcerias que vêm colaborado com a FUNDAC na efetivação desse encontro que conta com a participação de nove estados, constituindo-se num dos maiores eventos do País.
O Governador Wilson Martins foi representado pelo deputado Wilson Brandão que discursou para enfatizar a preocupação do chefe do executivo no apoio a cultura piauiense.
Duas apresentações folclóricas enriqueceram a solenidade sob os delirantes aplausos dos presentes.


quarta-feira, junho 8

Estrofe da Semana

O Congresso brasileiro
Tem muitos homens de bem
Porém outros são falados
E com processos também
Recordo o mensalão
Símbolo da corrupção
Que abalou o País
Sociedade descrente
Um povo não vai pra frente
Com atitude infeliz...

URBANIZAÇÃO DO REPENTE

O progresso é implacável com o tempo. À proporção que a tecnologia promove o desenvolvimento a sociedade sofre mutações violentas que transformam a vida de todos nos mais variados sentidos.
A indústria, o comércio, a cultura e o social apresentam variações transformistas, num verdadeiro contraste entre o passado e o presente. As gerações também experimentam dificuldades e a divergência entre jovens e velhos é uma realidade incontestável.
Os costumes da década de noventa não são iguais os da atualidade. Tudo é diferente. A internet trouxe uma revolução na intercomunicação que os jovens adoram e os mais velhos não têm como entender a evolução.
A cultura passa pela mesma modificação e o que era importantíssimo no passado perdeu forças na atualidade. Os livros estão mudados e os assuntos também sofreram modificações.
Na cultura de cordel, o meio ambiente passou por uma transformação violenta. Os poemas matutos, verdadeira preferência de outrora não são mais aceitos pelo público.
O repente saiu da zona rural, do terreiro das fazendas, para as cidades com realização de festivais e programas de rádio e televisão.
A linguagem e a temática estão diferentes, os temas sociais assumiram o lugar das vaquejadas e do canto da natureza. O que a plateia quer ouvir e ver, são os protestos contra as injustiças sociais e, sobretudo, a corrupção que assola.
No cordel o que continua intocável é a métrica, que permanece cada vez mais rígida e inalterável, no que diz respeito à elaboração das estrofes. É evidente que surgiram alguns estilos novos, aproveitando os refrões das emboladas que proporcionaram novas modalidades como: Balança o Remo, Lua Prateada, Voa Sabiá, etc.
Por outro lado, o cordel perdeu forças na zona rural e está conquistando espaços nas cidades, especialmente agora com o ensino nas salas de aula como excelente processo de desenvolvimento da mente.
Essa atividade está sendo importada pelo exterior, em face dos resultados alcançados no Brasil. A melhoria do ensino nas escolas que utilizam o cordel está documentada pelos resultados conquistados.